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Por que a fotografia?

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Conteúdo atualizado há 12 anos

Texto de Armando Vernaglia Jr.

Afinal, por que você fotografa? A pergunta que dá título a este artigo normalmente não é cogitada por muitos daqueles que elegem a fotografia como seu trabalho ou hobby, mas talvez seja pertinente perguntar.

Em busca de uma resposta para essa questão, passei a questionar a mim mesmo e a meus alunos, amigos, fotógrafos profissionais e amadores sobre os motivos que levaram cada um a ter, nessas imagens estáticas e bidimensionais, impressas em papel ou apresentadas numa tela, sua maneira de expressar ideias, momentos, fatos, angústias, alegrias e inquietações.

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Recebi todo tipo de resposta. Uns não escolheram, na verdade foram escolhidos, e, quando perceberam, já haviam sido contaminados pelo vírus fotográfico e não conseguiam mais parar. Outros tinham inquietações sociais, desejavam mostrar ao mundo algo que eles viam e que os incomodava profundamente. Alguns pretendiam dividir suas alegrias com pessoas que não puderam presenciar os mesmos momentos: o casamento, o nascimento do primeiro filho, a viagem inesquecível, a festa com os amigos e por aí vai.

Os motivos formam uma lista infindável de situações pessoais e universais; afinal, felicidade, angústia, tristeza, saudade e tantos outros sentimentos são vividos individualmente, mas compartilhados de alguma forma por todos nós.

É nessa relação entre nosso íntimo e o coletivo que talvez resida o segredo da fotografia, pois, quando vivemos um momento único e o registramos, colocamos nosso íntimo numa imagem, algo que dispensa palavras para ser humano, não importa a língua falada, o país em que vivemos ou qualquer outra barreira imposta por fronteiras e costumes. Uma imagem tem poder de síntese, de traduzir-se em qualquer língua e contar histórias. Assim, passamos adiante algo que é nosso para o mundo; podemos expressar o que vemos e sentimos de forma absolutamente livre.

Um grande amigo e excelente fotógrafo disse: “Fotografo porque escrevo muito mal”. Na verdade, ele escreve bem, porém talvez não tenha notado que seria impossível escrever em todas as línguas do mundo para poder mostrar a todos aquilo que pensa, mas, com suas fotos, ele pode deixar fluir a criatividade e se expressar sem precisar de tradutores.

Acredito que o denominador comum entre todas as respostas que ouvi para minha pergunta seja o fato de que fotografamos para contar histórias, para dizer algo ao mundo, algo que pensamos, imaginamos, presenciamos ou sentimos, e que, na fotografia, temos liberdade plena para tornar tudo visível.

Lembre-se disso em suas próximas fotos, divida com o mundo aquilo que só você vê, pensa e sente.

Armando Vernaglia Junior é fotógrafo publicitário, palestrante e professor de fotografia na escola Riguardare, em São Paulo.

Fonte: Revista Fotógraphos / Nº 12

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