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historia

O pai do fotojornalismo brasileiro

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Hoje vou postar um texto que escrevi para o meu trabalho de conclusão da faculdade, sobre o fotógrafo que realizou um trabalho documental que o fez ser considerado o pai do fotojornalismo brasileiro… No fim você poderá ver algumas das fotos clicadas por ele. Boa leitura! 🙂

militaoMilitão Augusto de Azevedo nasceu na então capital imperial brasileira, em 1837, Rio de Janeiro, e por lá se sustentava como ator e iniciava sua atividade fotográfica. Mudou-se para São Paulo aos 25 anos de idade, onde viveria até falecer no ano de 1905. Foi seu trabalho como ator que o levou a São Paulo, quando a Companhia Dramática Nacional se estabeleceu na cidade para uma temporada; mas foi o cenário urbano que o fez permanecer e realizar seus trabalhos fotográficos, inspirado pelo cenário urbano e pelas diversas etnias que ali habitavam.

Enquanto outros fotógrafos preocupavam-se em produzir retratos, Militão preferiu tomar a paisagem urbana como principal objeto dos seus registros. Um dos seus trabalhos mais importantes como fotógrafo foi o registro das paisagens em 1862, que foram utilizadas posteriormente no Álbum Comparativo de Vistas da Cidade de São Paulo, um dos documentos mais importantes que existem sobre a cidade do século XIX, pois registra as localidades e suas mudanças urbanas entre os anos de 1862 e 1887.

Seu valor como fotógrafo vem do seu trabalho comprovadamente vasto e documental, são 12.500 retratos produzidas durante seus 25 anos de carreira. Sua visão para fotografar era diferente da de outros profissionais da época, os retratos de Militão “(…) denotam a visão crítica de um fotógrafo que vai além do simples ato repetitivo de operador da câmera, ao retratar os mais diferentes tipos humanos de uma sociedade em formação e constituem um documentário único da paisagem urbana de São Paulo da época” (KOSSY, 1978, p.12).

Com seus retratos Militão procurava fugir da construção simbólica e registrava seus personagens (os mais variados da sociedade – estudantes, padres, soldados, músicos, políticos, escravos etc.) em situações cotidianas.

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Fotos de Hiroshima há 64 anos

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É muito boa a segurança que a fotografia nos dá de poder guardar um pedacinho do passado para vermos sempre que der vontade. Mas esta função também serve para eternizar momentos não muito agradáveis, até mesmo chocantes ou tristes. Já citei aqui no Fós Grafê o blog The Big Picture e, para quem ainda não conhece, recomendo a visita. Ele reúne fotos maravilhosas de todo tipo de assunto – eu acompanho todos os dias.

Como amanhã, dia 6 de agosto, fará 64 anos que Hiroshima foi arrasada pela bomba atômica, no final da Segunda Guerra Mundial, o The Big Picture resolveu reunir algumas imagens dos estragos que esse terrível ataque causou, a fim de realizar uma pequena homenagem. Selecionei algumas para você ver aqui, mas se ficar interessado é só seguir o link para conferir todas as 34 imagens. São registros de momentos que espero que não aconteçam nunca mais!

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Os mistérios da fotografia – Boris Kossoy

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Não dá pra pensar em refletir a respeito da fotografia sem lembrar do grande ‘filósofo da imagem’ Boris Kossoy. Revendo algumas coisas que tenho aqui guardadas encontrei uma edição da revista Continuum (uma excelente publicação!) que foi dedicada especialmente à fotografia – todo mês eles definem um tema diferente. Na edição de agosto de 2008 foi publicada uma entrevista que Boris Kossoy deu especialmente à revista.

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É sempre muito bom acompanhar as ideias de Kossoy para abrir nossos horizontes do conhecimento fotográfico. Afinal, a fotografia não é apenas uma imagem registrada! Achei muito legal a entrevista e, por isso, vou compartilhá-la com vocês. A leitura é um pouco longa, mas vale muito a pena. Confira, no texto de Mariana Lacerda.

Toda imagem fotográfica guarda uma, duas, três… inúmeras narrativas. Esse é o pensamento que permeia toda a obra de Boris Kossoy, paulista, fotógrafo, professor, cientista social e pioneiro ao traçar uma história para a fotografia brasileira. É dele, por exemplo, o célebre livro Hercule Florence: a Descoberta Isolada da Fotografia no Brasil (Edusp, 3ª edição em 2007), onde conta outra versão para a história da invenção do daguerreótipo – a primeira técnica para “impressão da luz”, anunciada na França, em 1839, e atribuída ao francês Louis Daguerre. Também assina o Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro: Fotógrafos e Ofício da Fotografia no Brasil 1833-1910 (Instituto Moreira Salles, 2002). Com mais de 40 anos de trajetória profissional, Kossoy esteve à frente de curadorias e hoje é membro do conselho da coleção Pirelli-Masp de fotografia. Seu portfólio inclui imagens nas coleções permanentes do Museu de Arte Moderna, em Nova York, e na Biblioteca Nacional de Paris. Ao longo do tempo, contudo, um único sentimento atravessa todas as suas realizações: a opção pelo fantástico existente em imagens que retratam gestos simples, como uma foto de família e um olhar contido nela.

Paralelo à sua trajetória de historiador da fotografia, existe um trabalho de fotógrafo. O que veio antes?
Antes da fotografia veio o olhar de criança. Uma das fotos da minha última exposição [na Pinacoteca de São Paulo, em 2007, na qual Boris Kossoy refez os seus 40 anos de percurso pela fotografia] era a de um mato capoeira. Percebi que em muitas fotos minhas aparece aquele matinho sujo, assim como surge também a imagem do meu alter ego − que é o doutor Américo, aquele senhor pequenininho. Acho que são exemplos da persistência do olhar. Ou seja, um olhar carregado daquilo que vai sendo colocado dentro do caleidoscópio, esse que a gente carrega em cima do pescoço. Essas imagens vão se fundindo e se repetindo ao longo de minha vida.

E como passam a ganhar significado?
A imagem é diabolicamente divina. Essa é uma conclusão extra-religiosa que faço em relação à fotografia. Porque ela tem um significado para um, e revela algo diferente para outro. Além dos significados que tiveram para o próprio autor da imagem. Toda fotografia é um mundo à parte, que eu chamo de “mundos paralelos”. Esse foi o nome de uma exposição que fiz em 1998 na Bienal de Fotografia de Curitiba, em que dei uma volta para retornar à infância. Aquele matinho, por exemplo, era o olhar das primeiras imagens de que me lembro. Descobri isso muito tempo depois de fotografá-lo em situações distintas. Como também descobri uma cadeia de outros temas que têm relação com meu olhar de criança.

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