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Chico Albuquerque: o pioneiro da fotografia publicitária brasileira

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Conteúdo atualizado há 1 ano

Se existe um nome que brilha intensamente no alicerce da história da fotografia publicitária no Brasil, é o de Chico Albuquerque. Suas lentes não apenas capturaram momentos, mas transformaram a maneira como enxergamos a interseção entre arte e marketing.

Portanto, este é um artigo especial. Vamos mergulhar na vida e no trabalho inovador desse notável fotógrafo brasileiro, explorando como ele se tornou um verdadeiro pioneiro da fotografia publicitária. Da era analógica às complexidades da era digital atual, o legado de Chico Albuquerque perdura, continuando a inspirar e influenciar gerações de fotógrafos e profissionais de marketing.

Retrato em P&B do primeiro fotógrafo de publicidade do Brasil, Chico Albuquerque ( foto de Delfina Rocha)
Retrato em P&B do primeiro fotógrafo de publicidade do Brasil, Chico Albuquerque | Foto: Delfina Rocha

Quem foi Chico Albuquerque?

Francisco Afonso de Albuquerque nasceu em Fortaleza, no dia 25 de abril de 1917. O contato com a fotografia começou cedo, aos 15 anos de idade, quando realizou um documentário de curta-metragem, seguindo os passos dos pais que também eram fotógrafos.

Em toda a vida profissional, Chico Albuquerque foi bastante reconhecido e fortemente valorizado. Seu talento e criatividade lhe renderam mais de 10 prêmios nacionais e internacionais – numa época na qual a arte fotográfica não era tão valorizada como é hoje.

Entretanto, Chico Alburqueque ficou conhecido mesmo por ter sido o primeiro a realizar uma campanha publicitária com fotografia no Brasil, em 1948, quando já morava na capital paulista. Antes dele, as peças eram todas desenhadas. Na foto, que infelizmente não consegui encontrar para mostrar aqui, ele registrou um produto em still para a marca Johnson & Johnson, através da agência J.W. Thompson.

Além disso, foi ele quem abriu as portas para o nascimento da profissão de modelo no Brasil, quando começou a sair pelas ruas paulistanas tentando convencer as moças de família a posar para ele. Naquela época, acredito que ele teve muita dificuldade para conseguir algumas modelos para suas fotos – mas Chico sempre foi atrás do que queria, sem desistir!

Em 1942 trabalhou junto com o grande diretor de cinema Orson Welles, ao registrar os bastidores de um filme que nunca foi finalizado: It’s All True. Também se especializou em retratos e, por isso, ganhou a fama de ser “pé-quente”, já que os políticos fotografados por ele (Jânio Quadros e Juscelino Kubitschek) ganhavam as eleições. E em 1958 foi o primeiro brasileiro a importar um equipamento de flashes eletrônicos.

Mas foi de volta ao Ceará que realizou o seu mais belo trabalho. Lá ele capturou a vida dos jangadeiros de maneira tão graciosa que resultou em um livro com 63 imagens em preto e branco da praia cearense, que deu nome ao livro: Mucuripe.

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Chico faleceu em dezembro de 2000, aos 83 anos, alguns dias antes do lançamento da segunda edição de seu livro. Ele costumava dizer que um bom fotógrafo é uma mistura de matemático, físico, químico e sociólogo. Com certeza ele foi essa mistura, mas, acima de tudo, foi um artista dotado de muita criatividade e iniciativa!

E foi explorando uma miríade de abordagens criativas, que Chico Albuquerque traçou um percurso extraordinário, e deixou um acervo impressionante de aproximadamente 70 mil imagens. Esse tesouro encontra seu refúgio no renomado Instituto Moreira Salles, graças a uma colaboração única com o Museu da Imagem e do Som de São Paulo.

Cada clique de sua câmera é mais do que uma simples imagem, é um fragmento da história da fotografia cuidadosamente preservado, aguardando para nos envolver em sua narrativa visual.

“Trazer de volta o passado, uma das fascinações da fotografia, torna-se ainda mais fascinante quando as fotos são feitas por um mago da eficiência como Chico Albuquerque. (…) Tais fotos, portraits impecáveis na exploração sábia dos jogos de luzes e sombras, dos volumes realçados ou amortecidos pelo preto, cinza e branco cambiantes, revelam a existência de um grande artista – embora quase desconhecido das novas gerações da fotografia. (…) Albuquerque (…) é uma lenda viva da fotografia brasileira. Já viraram lendárias as histórias sobre como ele conseguiu resolver tal problema insolúvel, produzir tal capa de revista que todos julgavam impossível, tornar concretos os delírios mais absurdos dos layouts dos anúncios que lhe davam para fazer”.

Chico, um alquimista – dos anos 50, a arte de um mago da câmara. Revista IstoÉ. São Paulo, p. 64, 19/05/1982.

Quando a fotografia começou a ser usada na publicidade?

A trajetória da fotografia na história tem episódios muito marcantes. E um deles é justamente quando ela se encontra com a publicidade. Foi uma revolução silenciosa, com produtos sendo apresentados para venda. Mas, com o tempo, se tornou uma ferramenta indispensável no mundo da publicidade até inspirar Chico Albuquerque e sua influência marcante no cenário brasileiro.

Não existe um registro exato, mas algumas fontes afirmam que a fotografia conquistou a publicidade quando um novo processo de meio-tom permitiu a impressão de textos e imagens juntas, no final de 1800. Antes disso, o procedimento de revelação das fotos e os equipamentos eram tecnicamente muito complicados.

Assim, os empresários viram uma oportunidade de ouro. A possibilidade de capturar a essência de um produto em uma imagem estava diante deles, pronta para ser explorada.

Com o passar do tempo, a fotografia publicitária começou a ganhar vida, revolucionando as estratégias de marketing. A habilidade de retratar detalhes e destacar atributos únicos de um produto é um trunfo inestimável. Logos e slogans são agora acompanhados por imagens que se conectam com o público de maneira visual e emocional, deixando uma impressão duradoura.

Até que no Brasil, a história da fotografia publicitária ganhou um novo protagonista: Chico Albuquerque. Sua ousadia em experimentar diferentes abordagens e seu talento em capturar a essência dos produtos marcaram uma era de transformação no cenário comercial brasileiro.

A jornada da fotografia na publicidade é uma narrativa cativante. Das primeiras tentativas aos visuais sofisticados de Chico Albuquerque, a fotografia continuou a evoluir, moldando a maneira como percebemos e desejamos produtos. Hoje, sua presença é inegável, por sua mágica artística na arte de vender.

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Entrevista com Chico Albuquerque

Enquanto eu fazia algumas pesquisas sobre fotografia na biblioteca, encontrei uma entrevista com Chico Albuquerque, publicada no livro Imagens da fotografia Brasileira (1997), de Simonetta Persichetti. Esta conversa é tão valiosa, que vou replicar aqui para você conferir e conhecer um pouco mais sobre o pensamento do primeiro fotógrafo publicitário do Brasil.

O que o senhor fazia no estúdio?

Comecei a fazer retratos. Um trabalho muito diferente das tomadas de cinema feitas nas ruas. Antigamente, o fotógrafo erá só retratista. Ele não fazia muitas coisas além disso. Foi difícil trabalhar entre quatro paredes. Nada do que fazia dava certo. Meu pai resolveu então convidar um outro fotógrafo para me ensinar. E eu fui aprendendo. Esse fotógrafo era muito competente e tinha um nome gozadíssimo, T.X. Depois de seis meses, começou a faltar, até que acabou me deixando. Mas me deixou uma grande lição. Ele sempre dizia: “Chico, para ser fotógrafo não basta enxergar, é preciso ver”.

Quando o senhor ficou então sozinho, o que fez? Já estava pronto para fotografar?

A primeira cliente que apareceu foi a esposa do interventor. Uma senhora enorme, loira, com um vestido longo cor-de-rosa e um leque de penas. Ela queria uma foto de corpo inteiro. Fiquei atrapalhado. Fiz o trabalho. Ela gostou e me fez uma grande encomenda. Daí em diante fui caminhando entre erros e acertos, e com a concorrência de um fotógrafo da época muito bom, que se chamava J. Ribeiro e que teve trabalhos premiados em Paris em 1922. Mas fui lutando e abrindo meu caminho.

Como o senhor vê a fotografia de publicidade hoje?

Ela evoluiu bastante. O fotógrafo não precisa mais perder tempo com técnica. As máquinas e os computadores hoje resolvem tudo. Tem produtoras à vontade, cenários à vontade. Por outro lado, a concorrência é muito grande. Está muito duro conseguir trabalho.

Sim, mas estou me referindo a outra coisa. O senhor tinha que se virar para fotografar. Hoje tudo está mais fácil. O senhor acha que o fotógrafo perdeu seu lado criativo?

Ao contrário. Já que não se preocupam com o lado técnico, desenvolveram seu lado criativo. Quem trabalha para o setor publicitário está resolvendo problemas dos outros. É arte aplicada. Um fotógrafo, para ser considerado um esteta, precisa ter muito cuidado para não ser coberto pela solicitação da publicidade. Por outro lado, hoje se dá muito mais ênfase ao fotojornalismo.

O senhor faria tudo de novo?

Sem dúvida. Mas se por acaso não pudesse ser fotógrafo, seria arquiteto.

Que conselho o senhor daria para quem está começando a fotografar?

Fuja do centro do retângulo!!

Por que o senhor não gosta de ser visto como um mestre do olhar?

Não gosto de filosofar. A minha palavra é a fotografia. Não tenho que ficar emitindo conceitos.

Conclusão: o legado de Chico Albuquerque na fotografia de publicidade

Ao percorrer os corredores da história da fotografia publicitária, nos deparamos com uma figura que transcendeu seu tempo e moldou o cenário criativo de maneira indelével: Chico Albuquerque. Sua paixão pela fotografia e sua coragem em desbravar novos territórios resultaram em uma carreira que ecoa através das décadas, inspirando e influenciando cada geração subsequente.

A ousadia de Chico Albuquerque ao abraçar a fotografia como uma ferramenta de comunicação e persuasão revolucionou a forma como produtos são apresentados ao público. Ele desafiou fronteiras, misturando arte e comércio em um belo equilíbrio, transformando imagens estáticas em histórias dinâmicas que cativaram e emocionaram. Sua busca incessante pela criatividade e sua busca por novas abordagens mantiveram sua obra sempre fresca, sempre relevante.

Ao concluir nossa jornada, encontramos a prova tangível de que a fotografia publicitária não é apenas sobre vender produtos, mas sobre contar histórias, evocar emoções e criar conexões duradouras. Chico Albuquerque personifica esse princípio, e seu legado nos incentiva a continuamente elevar o padrão da fotografia e da publicidade, sempre mantendo a chama da inovação acesa.

Espero que tenha gostado de descobrir mais esta história e aproveite para conhecer ainda algumas curiosidades interessantes sobre fotografia aqui no blog, além de outros conteúdos valiosos.

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