Conteúdo atualizado há 12 anos
Já escrevi alguns textos aqui no Fós Grafê abordando essa nova ideia que anda surgindo no meio da moda de estampar revistas e campanhas com modelos reais, sem as famosas “cirurgias de Photoshop” – porque é claro que ainda existe um leve retoque, o que é sempre necessário quando o assunto é fotografia digital.
A cada dia que passa esse assunto é mais discutido por aí, e hoje me deparei com um vídeo de uma matéria que foi ao ar no programa Bom Dia Brasil, da Rede Globo. Talvez você não veja nada de novo na matéria (que confesso achei bem fraquinha), mas informação nunca é demais não é mesmo?
Logo abaixo, acrescentei um texto que vi no portal G1, que complementa bem o vídeo e apresenta opiniões bem diferentes sobre o tema, de diversos profissionais da área. Espero que lhes sejam úteis!
A vida como ela é. Essa é a tendência de um movimento que cada vez ganha mais força no mundo da moda internacional e que abre mão dos recursos do Photoshop – software que edita imagens. Aos poucos, a novidade vem aportando por aqui. Não, claro, sem causar polêmica.
Se lá fora, Cindy Crawford, Monica Belluci e Jessica Simpsom já toparam posar sem retoques, por aqui, Luiza Brunet e Isabeli Fontana também já se lançaram ao fogo, sem medo. Este mês, a edição francesa da Marie Claire colocou nas bancas uma edição inteira sem intervenção do Photoshop, com a atriz Louiese Bourgoin na capa – com exceção das páginas publicitárias.
“O advento da fotografia digital trouxe um deslumbramento. Hoje todo mundo acha que sabe e pode usar o Photoshop. Virou uma maluquice. Esse movimento é uma resposta a isso”, pondera a fotógrafa Nana Moraes, que conta que já teve foto recusada para capa de uma revista porque a editora reclamou que ela não ‘retocou’ o umbigo da famosa em questão. “Ela não gostou do umbigo da mulher”, lembra. “Mudam até nariz de pessoas com imagem conhecida”, entrega ela.
‘O problema é vender mentiras‘, diz Fernando Torquatto.
Para o fotógrafo e maquiador Fernando Torquatto, o Photoshop é bem-vindo, desde que bem usado. “Quando está ligado à moda ou algo artístico, é algo lúdico. Você usa os recursos para chegar àquela imagem que você quer criar. Mas é diferente de quem vende um produto que não é daquele jeito ou mostra um resultado que não é o que vai acontecer. O problema é quando ele é usado para vender mentiras”, enfatiza.
Ele defende uma maior especialização dos técnicos que tratam as imagens de campanhas e revistas. “Tem que ser mais do que técnico. Tem que entender de arte, de harmonia”, resume. “A noção de estética tem que ser prioridade”, completa o maquiador brasileiro, radicado na França, Cláudio Belizário.
Belizário, no entanto, rende-se aos benefícios do programa de computador: “Eu, particularmente, prefiro as fotos menos retocadas, pois deixam a modelo ou celebridade mais perto do leitor, da vida real. Mas quando fazemos uma matéria de beleza ou uma capa fica claro que o uso do Photoshop, desde que bem empregado, é favorável a todos: modelo, maquiador, fotógrafo”.
DE CARA LIMPA
A chamada de capa da Marie Claire americana com Jessica Simpsom dizia: “A Jessica real. Sem maquiagem, sem retoques, sem arrependimentos!”. Na reportagem, a própria declarou: “Eu não tenho que provar nada a ninguém. O que as outras pessoas acham sobre mim não é problema meu”.
Ano passado, quando posou para a Revista Época de cara limpa, Luiza Brunet foi categórica: “Na minha geração, não tinha essa manipulação das fotos. As pessoas eram o que eram, mostravam sua beleza natural. É um exagero, perde-se a personalidade, fica todo mundo parecido. Tenho 47 anos, tenho consciência disso e não preciso aparentar ser mais nova. Sempre peço para não me deixarem com o corpo de uma menina de 20 anos”.
RETOQUES DAS ANTIGAS
Fotógrafos, no entanto, afirmam que retoques são tão antigos quanto a própria fotografia. Mas eles vinham com filtros que enalteciam determinadas cores ou na hora da revelação. A diferença é que antigamente era usado com mais parcimônia. “Se criou um mito com o Photoshop, mas na realidade, desde a fotografia existe, existe retoque. Mas antigamente era feito de uma maneira artesanal, negativo por negativo, com poucos recursos. O bom senso vinha de uma maneira mais suave. Tomava muito tempo, se inventava muito, tinha gente que usava até saliva pra suavizar alguma coisa na imagem”, revela Nana.
Fonte: G1