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Antes do click: Stanley Forman

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Conteúdo atualizado há 10 anos

Mais uma imagem que chocou o mundo e definida como sensacionalista. Stanley Forman fotografou, em 1975, a jovem Diana Bryant, de 19 anos, e sua afilhada de dois anos, Tiare Jones, no exato momento em que elas caíram de uma escada de incêndio enquanto um apartamento de Boston pegava fogo. A imagem foi acusada por ter invadido a privacidade de Diana, que morreu com a queda.

Mas apesar de todas as acusações, essa fotografia fez com que as autoridades de Boston reescrevessem as leis relacionadas à segurança de saídas de emergência. A imagem foi usada como símbolo para ativistas pela segurança contra incêndios pedissem reforços similares em outros Estados americanos. Leia a história com detalhes…

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“Foi no dia 22 de julho de 1975. Estava quase na hora de eu deixar o escritório do Boston Herald depois do expediente. Recebemos uma ligação sobre um incêndio em uma das áreas mais antigas da cidade com prédios de estilo Vitoriano. Eu fui até o local e corri até a parte de trás do prédio, porque os bombeiros estavam gritando que precisavam de um caminhão com escada para resgatar as pessoas que estavam presas na escada de incêndio do edifício. Quando olhei para cima, havia uma mulher e uma criança na escada de emergência, e elas estavam se debruçando para tentar escapar do calor do fogo que estava atrás delas.

Enquanto isso, um bombeiro chamado Bob O’Neil escalou a parte da frente do prédio até o telhado e viu as duas na escada de incêndio. Ele se abaixou na direção da escada para resgatá-las. Eu fiquei em uma posição em que eu pudesse fotografar o que eu achava ser uma operação rotineira de resgate. Uma escada de um caminhão foi acionada para retirá-las do prédio. Elas estavam a uma altura de 15 metros. O’Neil disse a Diana que ele subiria na escada do caminhão e pediu que ela entregasse a criança a ele. O’Neil estava quase chegando à escada do caminhão quando a escada de incêndio cedeu.

Eu estava fotografando quando elas caíram. Depois, eu virei de costas. Eu entendi o que estava acontecendo e não queria vê-las no chão. Eu ainda me lembro do momento em que virei o corpo. Eu tremia. Depois fiquei sabendo que não teria visto as duas atingirem o chão porque elas caíram atrás de uma cerca onde se encontravam os lixos. Quando finalmente me virei, eu não as vi, mas vi o bombeiro pendurado à escada do caminhão com uma mão, como um macaco, se segurando com muita força. Ele conseguiu voltar depois, com segurança, para o topo do prédio.

Segundo os bombeiros, a mulher amorteceu a queda da criança. Diana morreu na noite daquele mesmo dia. Naquele momento, eu não sabia que a imagem teria um impacto tão grande. Quando eu comecei a olhar os negativos, eu voltei as minhas atenções para as cenas do resgate, quando as duas ainda estavam agarradas uma à outra. Eu nem olhei para essa fotografia, porque eu não sabia exatamente o que eu tinha conseguido registrar. Eu sabia que havia fotografado as duas durante a queda, mas eu só percebi a grandeza da tragédia depois que eu revelei o filme.

A imagem foi publicada primeiro pelo Boston Herald e depois em jornais de todo o mundo. Houve muito debate sobre a publicação de uma cena tão horrível. Nunca fiquei incomodado pela controvérsia. Quando penso sobre a publicação da fotografia, não acredito que foi assim horrível. A mulher, no momento da imagem, não estava morta; nós não mostramos uma pessoa morta na primeira página do jornal. Ela morreu, sim, o que é uma coisa horrível. Mas não achei que a escolha de publicar a foto foi ruim, mas eu sou o fotógrafo, eu tenho uma certa inclinação nesse caso.

Sempre que existem histórias sobre incêndio ou tragédias como a que aconteceu devido ao furacão em Nova Orleans, elas fazem as pessoas ficarem mais atentas. Minha fotografia fez com que as pessoas saíssem de casa e checassem as escadas de incêndio, além de reivindicar mudanças na lei. Ela também foi usada em panfletos sobre segurança em caso de fogo por muitos anos.

Trinta anos depois, é bom saber que eu fiz a coisa certa. Eu nunca vi uma imagem como aquela desde então. Eu já vi fotos que gostaria de ter feito, mas nunca vi nada tão dramático como aquilo. Quando se diz que uma fotografia vale por mil palavras, essa certamente vale por 10 mil”.

Fonte: bbc brasil

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