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Um mundo por clique

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Um texto muito bom, publicado na revista Continuum, do Itaú Cultural. Nele, André Seiti discute a realidade e demonstra como ela é trabalhada em diferentes temáticas da fotografia. Texto muito bom!

A fotografia como reprodução, representação e invenção da realidade

Em uma das principais cenas da ficção científica Blade Runner (Ridley Scott, 1982), a personagem Rachael mostra ao caçador de androides Deckard uma foto de sua infância. A imagem provaria a existência desse período de sua vida – não fosse um pequeno detalhe: Rachael nunca fora uma criança. Ela era um androide de última geração e toda sua memória havia sido artificialmente fabricada. A fotografia nada mais era do que uma ferramenta forjada para legitimar uma realidade que nunca existiu.

Ao longo de sua história e seguindo inúmeras vertentes, a fotografia serviu para validar – e também questionar – diversas realidades, sejam elas inventadas ou não. Exemplos não faltam. Para mostrar que, em alguns momentos do galope, o cavalo retira as quatro patas do chão, o fotógrafo inglês Eadweard Muybridge registrou, em 1878, o instante exato em que o animal ficava suspenso no ar. Foi também no século XIX, algumas décadas antes do experimento de Muybridge, que o francês Hippolyte Bayard, numa espécie de fotomanifesto, publicou um autorretrato no qual simulava a própria morte – a nota que acompanhava a foto, inclusive, tinha o teor de um bilhete suicida.Continue a ler »Um mundo por clique